sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Leva e traz

De tudo pra trás, do traz que levou, nem mesmo restou
Veio a mim, voltou a ninguém, sobrou
Quem sabe não quis, andou para lá, parou
Venho de mim, levo a ti, verei
Frente não quis, seguir até onde errei
Que leve agora, pra lá que será, só não estarei.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Embriagai-vos

“– É hora de embriagai-vos! Para não serdes os martirizados escravos do tempo, embriagai-vos; embriagai-vos, sem cessar! De vinho, de poesia, ou de virtude, como achardes melhor.” Charles Baudelaire trouxe a inspiração e consciente afirmo: Felizes são eles: os bêbados. Os bêbados de sabedoria, da sabedoria afetiva. Dos que só se abatem pela falta da dose, da dose de argumentos. Alegre daquele que entorta o caneco de equilíbrio, que não deixa a neurose aproximar-se. Afortunado é o embriagado de paixão, de aventura e de informação. Aquele que tem sede eterna de novidade, que não se acomoda e não se deixa influenciar. Feliz do borracho, que vive sempre cantando, sonhando e buscando. Triste de nós, que vivemos sóbrios, sóbrios chatos, ociosos e entediados, que a rotina acomodou e a repressão apaziguou. Por isso suplico-te, suplico embriaguez. Dai-vos um trago de felicidade, trazei-vos uma ressaca de prazer ou somente embriagai-vos de emoção.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A história não pode se repetir.

Um ano: 365 dias tempo suficiente para que você cative pessoas, encontre sentimentos, renove o guarda-roupa, cure uma doença. Você pode ganhar um animal de estimação ou também pode perder um. É um intervalo satisfatório para amadurecer suas ideologias, agregar conhecimento e redescobrir seus pontos fracos. Um ano na verdade é a mera contagem de tempo para que saibamos definir cada momento em seu devido lugar.
A cada doze meses nosso cotidiano é alterado, o círculo social normalmente muda, amores transformados são em rancor ou estendem-se ao longo da eternidade. Mudanças naturalmente ocorrem, pois, nosso psicológico não se mantém intacto e nem mesmo nosso físico é capaz de desafiar as leis temporais. É preciso saber lidar com o que foi e o que vem, é de fundamental compreensão que o ser – humano concilie essas transformações para somente assim viver de forma justa o seu presente, sem confundir seu passado ou ansiar pelo seu futuro.
0,1% de milênio é espaço suficiente para organizar a mente, não deixar abater-se por décadas anteriores, honrar o que é de relevante para sua atualidade, superar crises focando no horizonte. Não devemos nos assustar com as possíveis decepções e sim saber contorná-las com a maturidade adquirida ao longo das voltas que o ponteiro do relógio já concluiu. Para sorrir diariamente possuímos o encargo de filtrar unicamente os fatores positivos que nos cercam.
Com o passar de um ano saudade pode virar rotina, um sonho vir a ser um pesadelo, ambição tornar-se realidade. Em um mês você tem a possibilidade de conquistar um desejo, uma pessoa e porque não o mundo? Uma semana cansativa pode ser descansada em um dia. Algumas horas conseguem ser comparadas a longos anos de espera. E em alguns segundos o coração pode parar e você morrer. A unidade de medida não tem relevância e sim o que ocorre nesse hiato de tempo então o aproveite para dessa maneira jamais deixar a história se repetir.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Observação:.

Onde a imagem era infinita, onde as expectativas não eram nada, onde tudo beirava o otimismo. Mudanças, mudanças e de repente nada era igual.
O todo foi inalterado. Construções estáticas, feições costumeiras, diálogos seqüenciais e tudo em seu lugar movia-se.
Os sentimentos transitavam, os bens de consumo substituídos, a vontade passava. Então observei.
Calei-me na esperança, acreditei no novo, aprovei uma nova vida e de repente nada era igual.
Prossegui ansiando, destinei o mesmo afeto às mesmas pessoas, monologuei em um contínuo tom, o discurso corriqueiro foi idealizado. Tudo em seu lugar movia-se.
Senti em diferentes intensidades, dormi debaixo de inúmeros tetos, variei os gostos que nada agradou... Sempre observando.

sábado, 26 de março de 2011

Breve psicologia barata.

A quem escrevo? A mim, e as minhas personalidades, que juntas articulam o dever de abater o cansaço com massacre psicológico, de causar dor, de desesperar pelo mais, pelo útil e pelo desagradável. Não, não é balela, sim estou pedindo desculpas ao meu ser. A falta de sentido só é conseqüência do inconsciente. O problema é a inconveniência, os fatos revelam a retórica e a insensatez se encarrega do inesperado. Fugir seria a solução, peregrinar entre mentes, inverter a alma, renovar o corpo abatido. Desabafos insanos, eterna dúvida curada com questionamentos. Quem me dera ter sempre razão, minha verdade seria absoluta e o final feliz, mera conquista pessoal.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A menina nefelibata.

E tudo que ela precisava em uma noite como aquela, era alguma companhia. Não necessariamente a companhia dele, pois ela só convivera com ele em sonhos inacabados, em pensamentos distantes. Não! Ela precisava de algo concreto, palpável, que suprisse a carência acumulada em anos de devaneios platônicos. E então, porque ela não se esforçava pra fixar os pés no chão? Porque tinha tanta certeza que um dia sua louca utopia com o suposto e nem tão clichê 'príncipe encantado' se realizaria? Ninguém sabia e nem entendia, sempre a taxando de louca, de fria. Jamais compreenderam sua essência nefelibata. Porém, naquela noite quente de inverno ela queria realidade. Por alguma ousadia, o destino não concedeu seu desejo. E até hoje, ouve-se rumores que ela vaga pelas nuvens, dançando com anjos e vivendo na continua jornada de suas insanas realizações utópicas.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Livros, personagens e realidade.

A comparação de pessoas com livros emparelhados em uma estante qualquer, não é assim tão sem fundamento. Uma ideia realista, onde seres acéfalos e fúteis escolhem somente a capa e mentes “pseudo-cults” optam por títulos diferentes e difíceis (como se isso fosse engrandecer seus caráteres fechados). Este mesmo realismo, que nos alinha por ordem alfabética em filas tortas e com espaços vazios. Onde deixam de lado as entre linhas e focam apenas no resumo não-literário, para dessa forma, facilitar a falta de raciocínio do próximo.
Por isso, sei que não temos pleno poder para escolher a estante, a prateleira ou até mesmo o criado-mudo para estagnar. Somos guiados por quem possui o papel e a tinta, resultando em capas, títulos, drama, romance e até ficção.
Entretanto, se eu pudesse escolher, certamente transitaria entre o minimalismo fofo de Quintana e o extremo surrealismo de Bandeira. Esquivaria dos romances pós-renascentistas e me jogaria de cabeça nas declarações de Drumond. Jamais passaria perto de Best Sellers de auto-ajuda e tentaria manter a classe do Parnasiano, dando valor também à imaginação de Verne.
Quem sabe daqui pra frente eu não ouse em arriscar, mesmo que a grafite, resvalar rascunhos pertinentes ao meu presente ou até mesmo ao meu futuro. Pois já dizia Shakespeare “O destino é o que baralha as cartas, mas nós somos os que jogamos.”